Quando uma pessoa decide começar a investir para sua aposentadoria, frequentemente se depara com a dúvida entre investir seu dinheiro mensalmente em um fundo de previdência privada ou investir em títulos públicos ligados à inflação chamado de Tesouro IPCA, um investimento feito através do Programa Tesouro Direto.
Enquanto a previdência privada costuma cobrar do seu investidor uma taxa de administração e taxa de performance, quem investe no Tesouro IPCA precisa pagar a taxa de negociação, custódia da B3 e taxa do agente de custódia (esta última geralmente isenta). Sobre ambas as modalidades também incide o imposto de renda.
Para definir qual foi a estratégia que teve maior rentabilidade entre 2011 e 2018 no Brasil, Gabriel Medeiros e colegas analisaram os dados de 1194 fundos de previdência privada aberta (aqueles em que qualquer pessoa pode investir, não sendo necessário ser funcionário de uma empresa específica) e compararam com os Títulos do Tesouro IPCA. O trabalho foi recentemente publicado na Revista de Economia Mackenzie.
Foram analisados 472 planos de previdência de renda fixa, 471 multimercado e 251 fundos de previdência de outras categorias. Em relação aos títulos do tesouro, foram analisados os títulos do tesouro IPCA que se encontravam ativos no período analisado.
Vários resultados interessantes devem ser destacados:
– Ao analisar 13 fundos de previdência privada de ações (aqueles que investem pelo menos 67% do dinheiro dos cotistas em ações), 11 deles superaram o índice Ibovespa no período entre 2011 e 2018. Em outras palavras, se você estiver na dúvida entre escolher um fundo de previdência privada que investe em ações ou um ETF que siga o índice Ibovespa, os fundos de previdência em geral tiveram resultados melhores que o Ibovespa entre 2011 e 2018.
– Na comparação entre os fundos de previdência privada aberta versus Tesouro IPCA, o desempenho dos fundos de previdência, principalmente daqueles que investem em renda fixa apresentaram desempenho inferior ao CDI e consideravelmente abaixo do Tesouro IPCA no período de 2011 e 2018.
Como perspectiva futura, os autores sugerem o estudo mais detalhado da alocação dos ativos realizada pelos gestores para identificar qual a estratégia utilizada pelos gestores que obtiveram melhores resultados e análise de fundos de previdência criados mais recentemente para ver se os resultados se mantém.
Em resumo, se você levar em conta os dados entre 2011 e 2018 e os produtos disponíveis na época, seria mais interessante investir no Tesouro IPCA do que num plano de previdência privada, principalmente se fosse um plano de previdência de renda fixa.
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Fonte: Medeiros, G. O., Amaral, T. P. do, & Vieira, N. M. (2022). Previdência complementar aberta: Uma análise do desempenho histórico dos fundos e comparação com o Tesouro Direto IPCA+ entre 2011 e 2018. Revista de Economia Mackenzie, 19(2), 13–38. doi:10.5935/1808-2785/rem.v19n2p.13-38